EM MINHA VIDA NÃO CABE ESTAGNAÇÃO. GOSTO DE COISAS NOVAS, TRANSFORMAÇÕES E MUDAR DE IDÉIA.

... Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! (Clarice Lispector)









Buscando melhorar sempre

Buscando melhorar sempre

MANTENDO A CHAMA ACESA - CHICO

Cem anos e Eternas Lembranças


Nesse dia que marca a passagem do centenário de nascimento de Francisco Cândido Xavier, o homenageamos com a mensagem da Venerável Mentora, Joanna de Angelis, psicografada pelo médium Divaldo Franco, que descreve com expressiva beleza a sua trajetória de vida e do seu apostolado, desde a sua chegada ao plano físico até o seu retorno ao plano espiritual.

O Retorno do Apóstolo Chico Xavier

"Quando mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram expectativas e promessas.

Aquinhoado com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade, Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia no mar encapelado das paixões bem como das lutas que deveria travar para alcançar o porto de segurança.

Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação.

Adversários do ontem que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.

Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis.
Sempre se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida, de onde hauria coragem e forças para não desfalecer.

Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.

Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais, ou justificativas para os seus atos.

Lentamente, pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o povo e os seus líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do comportamento,transformando-se em pessoa de referências para as informações seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.
Sua palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.
Em contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.
Abandonado por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.
As enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e do exercício intérmino da caridade.
A claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.
Nunca se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém.
Seus silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os debates insensatos que aconteciam à sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que esposava e os seus sublimes ensinamentos.

Tornou-se a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo, quando parcialmente desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando-se maleável aos Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de renúncia na mediunidade luminosa.
Por isso mesmo, o seu foi mediunato incomparável.
...E ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua Bondade, asseverando-lhe:
- Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.


Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 2 de julho de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


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VIDA DE CHICO XAVIER



1º ENCONTRO COM EMMANUEL

Chico se sentia sozinho apesar das visitas esporádicas da mãe e das sessões no Centro Luiz Gonzaga. Para escapar do coro dos céticos, ele arrastava os pés pelas ruas de terra do arraial e, com os sapatos sempre frouxos, tomava o rumo do açude. Aquele era seu refúgio. Ali, ele se encolhia à sombra de uma árvore, na beira da represa, encarava o céu e rezava ao som das águas. Em 1931, o bucolismo da cena deu lugar ao fantástico. O rapaz teve sua conversa com Deus interrompida pela visita de uma cruz luminosa. Franziu os olhos e percebeu, entre os raios, a poucos metros, a figura de um senhor imponente, vestido com túnica típica de sacerdotes. O recém-chegado foi direto ao assunto.




Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?
- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.
- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
Diante do silêncio do desconhecido, Chico perguntou:
Qual o primeiro ponto?

A resposta veio seca:
Disciplina.
E o segundo?
Disciplina.
- E o terceiro?
Disciplina, é claro.
Chico Xavier concordou. E o estranho aproveitou a deixa:
- Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.
O rapaz levou um susto. Como iria comprar tinta e papel? Quem pagaria a publicação de tantos títulos? O salário de caixeiro no armazém de Felizardo mal dava para as despesas de casa, os 13 mil-réis mensais eram gastos com catorze irmãos; seu pai era apenas um vendedor de bilhetes de loteria.
Chico arriscou uma previsão.
Papai vai tirar a sorte grande?
O forasteiro encerrou as apostas:
- Nada, nada disso. Sorte grande mesmo é o trabalho com fé em Deus. Os livros chegarão por caminhos inesperados.

O roteiro estava escrito. Restava ao matuto de Pedro Leopoldo - seguir as instruções.
Seus passos, tropeços e quedas, muitas quedas, seriam acompanhados de perto por aquele estranho a cada dia mais íntimo, O nome dele: Emmanuel, o mesmo que tinha se apresentado a Carmem Perácio quatro anos antes. A missão: guiar o rapazote e evitar que ele fugisse do script traçado no além. Chico deveria colocar no papel as palavras ditadas pelos mortos e divulgar, por meio do livro, a doutrina dos espíritos.
O ex-aluno do Grupo São José ganhou de presente um professor particular constante e rigoroso. Nessa trama insólita, ele assumiu "o papel de um animal freado, irrequieto".
Emmanuel segurou as rédeas e estalou o chicote. Chico disparou. E levantou poeira.
Quem seria, afinal, este Emmanuel?

Poucos meses após o encontro no açude, chegou às livrarias o primeiro título da série inicial de trinta: Parnaso de Além- Túmulo. Um escândalo.
Parnaso de Além-Túmulo era quase um sacrilégio. Arrancava da sepultura poetas tão célebres quanto mortos.

Marcel Souto Maior
Trecho do livro, As Vidas de Chico Xavier – Marcel Souto Maior
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Preciso dizer: A MORTE NÃO EXISTE.
Algumas pessoas já me disseram que penso assim porque não quero acreditar que a vida acaba e elas estão certas. Não quero mesmo, e o medo que sentia da morte, era por falta de conhecimento.

A morte deve ser encarada com naturalidade pois é apenas mudança do plano material para o espiritual. A nossa essência que é espiritual, continua sendo a mesma que era quando estávamos vivos, porém caminhando rumo a evolução.

Uma vez li que Monteiro Lobato havia dito: “quando morremos passamos do estado sólido para o gasoso, mas continuamos a ser os mesmos.”
Nesse caso, o que você evoluir encarnado será o amanhã no plano espiritual.

Jesus não veio aqui perder seu tempo, nem jogou conversa fora. Não foi à toa que nos chamou de "irmãos" ao invés de filhos e o fato de aparecer para seus discípulos (irmãos), após a crucificação, várias vezes, não retrata simplesmente milagre mas com certeza que a vida continua.

Outros sinais estão aí para quem quiser ver:

Em 1944, a viúva e os três filhos do escritor Humberto de Campos, moveram uma ação contra Chico Xavier, pois queriam os direitos autorais, sobre as cinco obras “ditadas por Humberto de Campos a Chico” sem que eles recebessem nada por isso.

Se a Justiça negasse a autenticidade da obra, Chico estaria sujeito a pagar indenização por perdas e danos e poderia ser preso por falsidade ideológica. Se reconhece as obras como de Humberto de Campos, estaria atestando a existência de vida após a morte.

Houve sensacionalismo da imprensa e David Nasser e Jean Manzon, dupla de jornalistas famosos de O Cruzeiro em 1944, disseram ser jornalistas estrangeiros tentando conseguir uma matéria com Chico Xavier. Se os espíritos existissem, pensaram eles, avisariam Chico da farsa.
Ao final do encontro, Chico autografou alguns livros com os quais presenteou os repórteres. Feito o serviço, trataram de sair logo da cidade. A matéria tomou 10 páginas da edição de 12 de agosto de 1944. Chico ficou apavorado. Aquilo poderia prejudicá-lo ainda mais.

Trinta anos depois, em uma entrevista ao jornal carioca O Dia, David Nasser definiria Chico Xavier como “o maior remorso da minha vida”. Ele contou que dois dias depois do encontro, enquanto escrevia a matéria, já de madrugada, Jean Manzon ligou para ele:
- David, você trouxe aquele livro que o homem nos ofereceu?
- Claro que sim.
- Pois bem, abra-o na primeira página e leia a dedicatória.
O jornalista correu para o livro e leu:

“Ao irmão David Nasser, oferece Emmanuel”.
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CASOS INTERESSANTES DO CHICO

CASO 1
A mensagem ao lado foi psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, de trás para diante, no idioma inglês, na sede da União Espírita Mineira, após concerto em benefício do Abrigo Jesus, realizado em 4 de abril de 1937, pelo exímio violinista Levino Albano Conceição, cego desde os sete anos de idade.




Esta linda saudação, recebida em dois minutos, escrita em caracteres invertidos, poderá ser lida em um espelho, em cuja frente deverá ser colocada.
Lê-se, então, o seguinte:
"My dear and generous friends of the fraternity's doctrine. Good health and peace in God, our Father!
Let us learn the life in the love's law, from the instructions of Jesus Christ, Except this work almost always in the earthly world represent the struggle and studies of the vanity and from the darkness of the little men's science
Your Brother
Emmanuel
Do Livro: Chico Xavier Mandato de Amor
Editora União Espírita Mineira
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CASO 2
Estava em Uberaba esperando um ônibus para ir ao cartório. Da nossa residência até lá tem uns três quilômetros. Nós, com o horário marcado, não podíamos perder o ônibus. Mas, quando o ônibus estava quase parando, uma criança de uns cinco anos, apresentando bastante penúria, gritava para mim, de longe. Chamava por Tio Chico, mas com muita ansiedade.


O ônibus parou e eu pedi, então, ao motorista: - pode tocar o ônibus, porque aquela criança vem correndo em minha direção e estou supondo que este menino esteja em grande necessidade de alguma providência. O ônibus seguiu, eu perdi, naturalmente, o horário.
A criança chegou ao meu lado, arfando, respirando com muita dificuldade. Eu perguntei: - O que aconteceu, meu filho?!? Ele respondeu: - Tio Chico, eu queria pedir ao senhor para me dar um beijo. Esse eu acho que foi um dos acontecimentos mais importantes de minha vida”.
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ENTREVISTAS

Chico Xavier Por Chico Xavier

Numa de suas raras entrevistas, Chico Xavier recebeu em sua casa, nas comemorações dos 40 anos de suas manifestações mediúnicas, o escritor Elias Barbosa, autor de “No mundo de Chico Xavier” e respondeu as perguntas do autor.

Nelas, Chico expõe fatos e episódios que são pouco conhecidos e dizem de seus primeiros anos de vida na senda do espiritismo.
Estas são perguntas e respostas de Chico Xavier em 1967:

Chico, cientes através do prefácio de “Parnasso de Além Túmulo”, o primeiro livro de sua mediunidade psicográfica, que o exercício de suas faculdades começou em 1927, precisamente há quarenta anos, em que dia do ano isso aconteceu?
8 de julho de 1927.

Podemos saber em que dia da semana?
Era uma noite de sexta-feira, em sessão pública do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo.

O Centro já estava fundado há muito tempo? E possuía sede própria?
O “Luiz Gonzaga” havia sido fundado no mês anterior, isto é, em 21 de junho de 1927.
Então, o grupo não dispunha de sede própria. Reuníamos na residência da Sra. D. Josepha Barbosa Chaves, que nos havia emprestado o salão de sua casa, à rua São Sebastião, em Pedro Leopoldo.

Lembra-se de alguns dos companheiros presentes à reunião de 8 de julho de 1927?
Sim. Posso mencionar muitos deles como sejam Ataliba Ribeiro Vianna, o primeiro presidente do “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, José Felizardo Sobrinho José Cândido Xavier, José Hermínio Perácio, D. Carmem Pena Perácio, Antônio Barbosa Chaves, Agripino de Paula, D. Ornélia Gomes de Paula, Jacy Pena, Maira Xavier, Zina Xavier, Nelson Pena e muitos outros.

Dos companheiros citados, muitos ainda estão conosco na Terra?
Sim. Temos Antônio Barbosa Chaves, residente em Pedro Leopoldo, D. Carmem Pena Perácio, Zina Xavier e Nelson Pena, em Belo Horizonte, Jacy Pena e Maria Xavier em Sabará, Minas.

Diz você no prefácio do “Parnasso de Além-Túmulo” que você e sua família, então católicos até 1927, se voltaram para a Doutrina Espírita por motivo de cura de uma das suas irmãs que sofrera um processo obsessivo. Podemos saber qual delas e que notícias conseguiríamos saber a seu respeito?
Perfeitamente. É minha irmã Maria Xavier Pena, casada com o Sr. Jacy Pena, ambos residentes em Sabará hoje com vários descendentes.
Ela, depois de curada, e o esposo, aceitaram a tarefa espírita e continuam trabalhando?
Sim, são ambos devotados seareiros do Espiritismo, na cidade em que residem.

Lembra-se de sua primeira participação na primeira atividade a que assistiu e qual foi essa atividade?
Recordo-me. Minha primeira tarefa espírita foi a prece que se fez em torno Da minha irmã doente, no próprio quarto em que ela se achava.

Pode mencionar a data?
7 de maio de 1927, pela manhã.

Quem tomara a iniciativa dessa reunião de cura?
Nosso amigo Sr. José Hermínio Perácio, que veio de Maquiné, localidade próxima da cidade de Curvelo, em Minas, mais de cem quilômetros distantes de Pedro Leopoldo, atendendo ao pedido de meu pai que o conhecia por amigo e espírita cristã, a fim de socorrer minha irmã, então em estado grave.

E sua irmã curou-se imediatamente?
Desde a primeira reunião de preces e passes, na manhã de 7 de maio de 1927, ela se restabeleceu e, até hoje, é uma valorosa companheira na Seara Espírita Evangélica.

Quais os primeiros espíritas que conheceu?
Nossos irmãos José Hermínio Perácio e sua esposa D. Carmen Pena Perácio, com os quais me iniciei o conhecimento da Doutrina Espírita e na mediunidade e diante de quem sou um espírito eternamente devedor pelo bem que me fizeram.

Onde está presentemente nosso irmão José Hermínio Perácio?
Ele desencarnou em Belo Horizonte, em janeiro deste ano, 1967, mas a esposa que lhe sobrevive, D. Carmen Pena Perácio, reside com as filhas, na capital mineira.

De que modo, o casal Perácio iniciou você no Espiritismo?
Explicando-me o que eu sentia, em matéria de mediunidade, desde a infância, quando fiquei órfão de mãe, aos cinco anos de idade, amparando-me em minhas necessidades espirituais, ensinando-me a orar e presenteando-me com o “O Evangelho, segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, os dois livros que me deram os alicerces de minha fé espírita-cristã e me orientaram para aceitar a mediunidade e respeitar os Bons Espíritos.

Disse você que sentia fenômenos mediúnicos desde criança. Poderá especificá-los agora após de quarenta anos de mediunidade ativa?
Sim. No quintal da casa em que eu morava via freqüentemente minha mãe desencarnada em 1915 e outros Espíritos, mas as pessoas que me cercavam então não conseguiam compreender minhas visões e notícias e acreditavam francamente que eu estivesse mentindo ou estivesse sob perturbação mental.
Como experimentasse minha incompreensão, cresci debaixo de muitos conflitos íntimos, porque de um lado estavam as pessoas grandes que me repreendiam ou castigavam supondo que eu criava mentiras e de outro lado estavam as entidades espirituais que perseveravam comigo sempre.
Disso resultou muita dificuldade mental para mim, porque eu amava os espíritos que me apareciam, mas não queria vê-los para não sofrer punições da parte das pessoas encarnadas com quem eu precisava viver.

De família católica e praticando o catolicismo, você via os Espíritos também na igreja?
Sim.

Você via bons e maus?
Sim.

E nada disso contava a algum padre?
Contava na confissão.
Podemos saber quem era esse sacerdote e de que maneira ele ouvia suas descrições?
Era ele, o Padre Sebastião Scarzelli, que residia em Matosinhos, cidade muito próxima de Pedro Leopoldo. Durante anos, até 1927, ele me ouvia paternalmente em confissão de dois em dois meses. Devo dizer que ele me ouvia admirado e compadecido.
Não sei se ele acreditava em tudo que eu narrava para ele, no que se referia ao que enxergava e escutava nos horários dos ofícios religiosos, mas posso declarar que ele sempre me tratou com a bondade de um pai.
Ensinava-me a orar e a confiar em Deus, a respeitar a escola e cultivar o trabalho, a fazer novenas pelo descanso dos mortos e a esquecer as más palavras dos espíritos infelizes quando eu as escutava.

O padre nunca emitiu uma opinião clara sobre os fatos que você observava?
Ele me ouvia na confissão e ficava pensativo... Só pedia para que eu orasse muito.
Lembro-me de que uma vez, debaixo da perseguição de um espírito sofredor, quando eu ia completar quinze anos, chorei muito na confissão, rogando a ele para livrar-me... Ele interrompeu minhas palavras e mandou que eu esperasse. Quando terminou o trabalho em que estava, veio a mim e me disse que eu não devia chorar ou desesperar-me com as visões e vozes que me procuravam e acrescentou que se elas viessem da parte de Deus, que Deus me abençoaria e me daria forças para fazer o que devia ser feito. Em seguida caminhou comigo e vendo que eu estava descalço me perguntou se eu gostaria de ter um par de sapatos. Eu disse que sim e ele me levou a uma loja, a loja do Sr, Armando Belisário Filho, em Pedro Leopoldo, e comprou um par de sapatos para mim. Conto isso porque notei que ele queria ver alegre, esquecendo o estado de angústia em que me achava.

Esse padre ainda existe?
Há tempos, soube em Pedro Leopoldo, que ele, já velhinho, reside atualmente no Estado de Santa Catarina, o que não posso confirmar porquanto depois de nosso último encontro, em 1927, não mais tornei a vê-lo.

Além desse sacerdote, não teria você na escola algum professor ou professora a quem se dirigisse, rogando explicações?
Sim, dentre as minhas professoras na infância, uma delas estimava me ouvir sobre o que eu sentia, perante o Mundo Espiritual, dedicando-me grande atenção.

Como se chama?

Chamava-se na Terra, Dona Rosária Laranjeira, pois desencarnou em Belo Horizonte, creio que por volta de 1956. Ela era católica de profunda compreensão cristã, e embora não pudesse ou não soubesse dar-me esclarecimentos espíritas, quando me achava perto dela só via e ouvia espíritos amigos e nobres, com abençoados ensinamentos e consolações para mim.

Em que condições, você recebeu a primeira mensagem psicográfica?
Estávamos em reunião pública e depois da evangelização, D. Carmem Perácio, médium de muitas faculdades, transmitiu a recomendação de um benfeitor espiritual para que eu tomasse o lápis e experimentasse a psicografia. Obedeci e minha mão de pronto escreveu dezessete páginas sobre deveres espíritas...Senti alegria e susto ao mesmo tempo.Tremia muito quando terminei.

Qual era o espírito comunicante?
Não se identificou. Apenas assinou “um espírito amigo”.

Essa mensagem ainda existe, poderíamos lê-la?
Temos um grande arquivo de mensagens psicográficas em Pedro Leopoldo, mas não creio possa ser encontrada. De 1927 a 1931 recebi centenas de mensagens que foram inutilizadas, depois, a pedido do Espírito de Emmanuel, que passou a dirigir-nos de 1931 para cá. Disse ele que essas mensagens apenas se destinavam aos nossos exercícios de psicografia.

Antes de Emmanuel, dos espíritos amigos que amparavam você, qual o mais assíduo?
Minha mãe Maria João de Deus.

Sendo o “Parnasso de Além-Túmulo”, o primeiro livro de sua mediunidade, editado em 1932, será possível conhecer o nome dos espíritas que receberam para a imprensa as primeiras mensagens em prosa e verso psicografadas por suas mãos?
Foram eles, Manoel Quintão e Ignácio Bittencourt, ambos do Rio.

Desde 1932, você está trabalhando mediunicamente nos livros dos instrutores espirituais?
Sim.

Sempre sob a supervisão de Emmanuel?
Sim.

Que nos diz sobre as suas próprias impressões na formação dos livros mediúnicos, por seu intermédio?
Poderia, talvez , relacionar muitos assuntos e fazer muitas narrativas, mas peço para que isso fique para uma outra oportunidade, de vez que isso exigiria muito tempo.

Como se sente você, no quadragésimo ano de trabalho psicográfico incessante?
Como quem está viajando através da mediunidade, há quarenta anos, aprendendo sempre.

Durante esse tempo, foi você vítima de mistificação algumas vezes?
Muitas.

E até hoje isso acontece ou pode acontecer?Sim.

E os livros recebidos por você?Os livros que passaram por minhas mãos pertencem aos Espíritos Instrutores e Benfeitores e não a mim.

Ignora você a popularidade que os livros mediúnicos lhe trouxeram?Sei que eles me trouxeram muita responsabilidade. Quanto ao caso da popularidade, sei que cada amigo faz de nós um retrato para uso próprio e cada inimigo faz outro.
Mas diante do Mundo Espiritual não somos aquilo que os outros imaginam e sim o que somos verdadeiramente. Desse modo, sei que sou um espírito imperfeito e muito endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e burilar-me perante as leis de Deus.

Diário Regional Juiz de Fora – Junho de 1999



RETRATO DE MARIA 
  
Hércio M. C. Arantes
Algum tempo após tomarmos conhecimento de um novo quadro de Maria, a Mãe de Jesus, divulgado num programa da TV Record, de São Paulo, com a presença de Francisco Cândido Xavier, procuramos esse médium amigo para colher dele maiores esclarecimentos sobre a origem do mesmo.
Contou-nos, então, Chico Xavier, no final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, na noite de 1º de dezembro de 1984, que, com vistas às homenagens do Dia das Mães de 1984, o Espírito de Emmanuel ditou, por ele, um retrato falado de Maria de Nazaré ao fotógrafo Vicente Avela, de São Paulo. Esse trabalho artístico foi sendo realizado aos poucos, desde meados de 1983, com retoques sucessivos realizados pela grande habilidade de Vicente, em mais de vinte contatos com o médium mineiro, na Capital paulista.
Em nossa rápida entrevista, Chico frisou que a fisionomia de Maria, assim retratada, revela tal qual Ela é conhecida quando de Suas visitas às esferas espirituais mais próximas e perturbadas da crosta terrestre; como, por exemplo, disse-nos ele, na Legião dos Servos de Maria, grande instituição de amparo aos suicidas descrita detalhadamente no livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvonne A. Pereira.
E, ao final do diálogo fraterno, atendendo nosso pedido, Chico forneceu-nos o endereço do fotógrafo-artista, para que pudéssemos entrevistá-lo oportunamente, podendo assim registrar mais algum detalhe do belo trabalho realizado.

De fato, meses após essa entrevista, tivemos o prazer de conhecer o sr. Vicente Avela, em seu próprio ateliê, há 30 anos localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, 343, 2º andar, na Capital paulista, onde nos recebeu atenciosamente.
Confirmando as informações do médium de Uberaba ele apenas destacou que, de fato, não houve pintura e sim um trabalho basicamente fotográfico, fruto de retoques sucessivos num retrato falado inicial, tudo sob a orientação mediúnica de Chico Xavier.
Quando o sr. Vicente concluiu a tarefa, com a arte final em pequena foto branco-e-preto, ele a amplicou bastante e coloriu-a com tinha a óleo (trabalho em que é perito, com experiência adquirida na época em que não havia filmes coloridos e as fotos em preto-e-branco eram coloridas a mão), dando origem à tela que foi divulgada.

Nesse encontro fraterno, também conhecemos o lindo quadro original à vista em parede de seu escritório, e ao despedirmo-nos, reconhecidos pela atenção, o parabenizamos por esse árduo e excelente trabalho, representando mais uma notícia da vida espiritual de Maria de Nazaré, que continua amparando com imenso amor maternal a Humanidade inteira.
Fonte Anuário Espírita 1986

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CHICO XAVIER  -  O FILME


A Notícia - SC
24.04.2010 - 02:24

 RAFAELA MAZZARO
JOINVILLE
Talvez seja o tom de mistério que leva doutrinas como o espiritismo a despertar tanto interesse no público, mesmo que o assunto já tenha sido esmiuçado em tantas obras. Mas o fato é que o filme Chico Xavier reacendeu a curiosidade daqueles que nunca pisaram em um centro espírita.

 
O tema estava adormecido pela mídia desde 2002, depois da morte de seu mais ilustre representante brasileiro, mas voltou a fazer parte das rodas de discussões e a aquecer o mercado cinematográfico sobre o assunto.

Em todo o Brasil, o filme inspirado na obra do jornalista Marcel Souto Maior e que estreou no dia em que o médium Francisco Cândido Xavier completaria cem anos, bateu o recorde de bilheteria no primeiro fim de semana de exibição, com 590 mil espectadores.

Depois de três semanas em cartaz, mais de duas milhões de pessoas já assistiram ao longa. A arrecadação até agora é de R$ 18,5 milhões. Em Joinville, as duas empresas de cinema estrearam o filme em quatro horários diários e seguem as exibições com quase o mesmo número de sessões. No GNC Cinemas, por exemplo, a média de público foi de três mil na primeira semana, 2,2 mil na segunda e mil na terceira. Para se ter uma comparação, "Os Normais 2", em todo o período em que ficou em cartaz, levou quase seis mil pessoas, número que o filme do médium já bateu, e ainda vai aumentar.

Sucesso nos cinemas, o filme também pode ter ajudado nas vendas do estande da Federação Espírita Catarinense na Feira do Livro de Joinville, um dos mais visitados nos dez dias do evento. As vendas de obras sobre espiritismo e psicografia disponíveis tiveram um aumento de 80% em relação ao ano passado.


Nunca os sete centros espíritas de Joinville receberam a visita de tantos interessados na doutrina. Até espíritas que estavam afastados retomaram a participação nos encontros, segundo o presidente da Federação Espírita Catarinense, Elonyr Teixeira. "Motivados pelo filme, muitos vêm buscar soluções para os problemas e inquietações, mas o que pregamos é a orientação espiritual. A solução está dentro das pessoas", explica Teixeira, que acha o número de centros na cidade pouco para atender a grande procura. "O ideal é que tivesse um centro em cada bairro", reforça.

O fato é que depois de conhecer a vida de Chico Xavier, inevitavelmente as pessoas passaram a se interessar pela doutrina. Mesmo que a versão de Daniel Filho tenha sido baseada em relatos do próprio médium e de pessoas que conviveram com ele, floreadas com algumas estratégias ficcionais, como em qualquer outra produção cinematográfica, Teixeira, que conheceu o médium pessoalmente, afirma que de forma geral o longa foi bem fiel à realidade e traz uma boa imagem para o espiritismo.
Uma das únicas cenas que fogem da vida real foi o velório do padre que dava conselhos a Chico Xavier quando, ainda criança, ele se comunicava com a mãe desencarnada.

A situação na verdade não ocorreu, foi apenas uma "licença poética", lembrada pelo presidente da Sociedade Espírita de Joinville, Alberto Ferreira. Inclusive, o padre Sebastião Scarzello, interpretado no filme, morreu há pouco tempo em Joinville, onde se tornou monsenhor da Igreja Católica.
Ferreira ressalta que não foi apenas o filme a fonte que despertou a curiosidade das pessoas. A novela que recém estreou na Rede Globo, "Escrito nas Estrelas", também é baseada em uma obra de Chico Xavier, intitulada "E a Vida Continua".

Seguindo a onda de sucesso de bilheteria, "Nosso Lar", adaptação do best-seller de Chico Xavier, escrito em 1942, também ganhará adaptação para o cinema. O longa-metragem que trata da história de um médico atuando no mundo espiritual tem estreia prevista para setembro. Outro trabalho que será lançado em breve é o de Luis Eduardo Girão, que no ano passado financiou "Bezerra de Menezes" e, agora, retorna com o longa "As Mães de Chico Xavier".