EM MINHA VIDA NÃO CABE ESTAGNAÇÃO. GOSTO DE COISAS NOVAS, TRANSFORMAÇÕES E MUDAR DE IDÉIA.

... Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! (Clarice Lispector)









Buscando melhorar sempre

Buscando melhorar sempre

PORQUE SOU JOÃO BOSCOMANÍACA

João Bosco de Freitas Mucci, nasceu dia 13 de julho de 1946  na cidade de Ponte Nova - MG. É o sexto filho do casal D. Lilá e Sr. Daniel.
» Aos 4 anos de idade começa a sua vida artística cantando músicas nas missas de sua paróquia.
» Aos 12 anos ganha um violão verde e forma seu primeiro conjunto de rock: o “X_GARE”.
» Em 1962, muda-se para Ouro Preto, onde faz o científico e ingressa na escola técnica de mineralogia.
» Em 1967, ingressa no curso de engenharia na UFOP, forma-se como engenheiro civil em 1972.
» Em 1967, conhece o poeta Vinicius de Morais e foi honrado com sua parceria em algumas canções.

» Em 1970, conhece o poeta Aldir Blanc e tornam-se parceiros em mais de uma centena de músicas.
Em 1972, grava o disco de bolso, projeto do jornal "O Pasquim", sob a supervisão de Ziraldo e do compositor Sérgio Ricardo. De um lado, um "tal" de joão Bosco, um jovem compositor, e do outro lado, o grande maestro Tom Jobim.
» Em 1972, conhece a cantora Elis Regina que grava "Bala com Bala", parceria da dupla Bosco / Blanc.
» Em 1973, muda-se para o Rio de Janeiro e grava seu primeiro LP pela RCA Victor. Sua vida artística deslancha.

João Bosco Mucci é o meu grande compositor, violonista, cantor de MPB e ídolo da música. Porque eu digo isso? Porque adoro sua interpretação em qualquer música que canta, sejam as músicas só dele ou as em parceria. Porque ele não canta, encanta; ele não toca dá show.

ENTREVISTA
Quem foi a principal pessoa que o incentivou na carreira artística e que merece um agradecimento especial?
São duas pessoas: o Vinícius de Moraes e a Elis Regina. Para um jovem com apenas 21 anos, conhecer o grande poeta da literatura e da música era algo inimaginável. Estávamos em 1967 e eu morava em Ouro Preto, Minas Gerais, onde estudava, quando o Vinícius me convidou para passar férias no Rio de Janeiro. Em 1972, conheci a Elis, também no Rio de Janeiro. Quem nos apresentou foi o pessoal do jornal Pasquim. Eles acreditaram e investiram em mim. Ah, o Tom Jobim também. Tínhamos muita afinidade e diversos amigos em comum. Naquela época, as relações humanas estavam acima de tudo e isso teve uma importância muito grande para mim.

Você tem mais de três décadas de carreira. Ainda dá aquele frio na barriga na hora de subir ao palco?
Sim, é a melhor coisa que existe! Significa que o respeito pela música e pelo público estão mantidos. Sou severo comigo e tenho uma cobrança muito grande. Na verdade, queria fazer como o Vinícius: colocar um gelinho no copo e tomar um uísque durante o show. Mas não consigo.

Qual foi o momento mais marcante nesses mais de 30 anos de carrreira?
Foi entre 1989 ou 1990, durante uma turnê pela Europa junto com Caetano Veloso e João Gilberto. Fizemos um show numa cidadezinha francesa no dia 13 de julho, data do meu aniversário, e o local estava lotado. O Carlinhos Brown e o Moreno Veloso também estavam. O Caetano abriu a apresentação, depois eu aparecia e o João fechava a noite. Lembro que tocava minha parte quando, de repente, surge uma voz no alto-falante dizendo que era a última música. Levei um susto, pois faltava boa parte do roteiro para terminar. Então, entraram no palco o Caetano e o João, sentaram num banquinho e começaram a cantar: "Parabéns a você..." Foi incrível!

Duas perguntas para dois assuntos: política e futebol. Em quem vai votar e você considera Ronaldinho Gaúcho melhor que Pelé?
Nem entro nessa discussão de quem é melhor. São épocas e estilos diferentes. É preferível analisar separadamente cada um. Tanto Ronaldinho como o Pelé têm sua genialidade. No lado político, penso que o Brasil carece de outros caminhos e outros nomes para ter mais pluralidade como opção. Isso é uma coisa que não existe na política atual. Votei no Lula na última eleição e, apesar de tudo o que vem acontecendo dentro do partido que o elegeu, se ele sair como candidato, continuo acreditando na sua proposta. Vejo que as outras opções que estão se apresentando não são o melhor caminho. 2006 tem sido bom para você? Sim, não tenho o que reclamar. Em outubro vou para Europa e inicio uma turnê ao lado do cubano Gonzalo Rubalcaba. A estréia será em Istambul. Volto na primeira quinzena de novembro.




CURIOSIDADES
Fui apresentado ao compositor João Bosco por um amigo comum, Pedro Lourenço, na época estudioso de literatura. Arte. etc. Pedro havia feito pesquisas sobre a vida de João Cândido e a Revolta da Chibata. Na mesma época, o MAU (Movimento Artístico Universitário) foi muito influenciado pelo cineasta Cláudio Tolomei, já falecido. Tomolei tinha um projeto de fazer um curta com João Cândido. Formamos uma espécie de quarteto (Bosco, Cláudio, Pedro e eu) estudando e conversando sobre a importância gigantesca da Revolta da Chibata e da figura histórica de João Cândido para a cultura brasileira. Baseado no conhecimento que Pedro e Cláudio tinham do assunto e no livro, um marco, de Edmar Morel, Bosco e eu resolvemos partir para uma estrutura de samba-enredo clássico, que pudesse inclusive ser confundido com os outros sambas-enredos do ano – o que realmente aconteceu e nos emocionou muito. As pessoas ouviam “O Mestre-Sala dos Mares” e perguntavam: “Esse samba é de escola mesmo?”.


Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que o CENIMAR não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, então funcionando no Palácio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o durão, ficou meio que dando esporro, mãos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de pé, com a coronha da arma no coldre há uns três centímetros do meu nariz. Aí, um outro, bancando o “bonzinho”, disse mais ou menos o seguinte:


- Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando...


Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor. E, como se tivesse levado um telefone nos tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistério, como quem dá uma dica perigosa:


- O problema é essa história de negro, negro, negro...


Eu havia sido atropelado, não pelas piadinhas tipo tiziu, pudim de asfalto etc, mas pelo panzer do racismo nazi-ideológico oficial.


Decidimos dar uma espécie de saculejo surrealista na letra para confundir, metemos baleias, polacas, regatas e trocamos o título para o poético e resplandecente “O Mestre-Sala dos Mares”, saindo da insistência dos títulos com Almirante Negro, Navegante Negro, etc. O artifício funcionou bem e a música fez um grande sucesso nas vozes de Elis Regina e João Bosco. Tem até hoje dezenas de regravações e foi tema do enredo “Um herói, uma canção, um enredo – Noite do Navegante Negro”, da Escola de Samba União da Ilha, em 1985.


Orgulho-me de, por causa deste samba, ter recebido a Medalha Pedro Ernesto, com João Bosco e o próprio Edmar Morel – infelizmente também já falecido – na presença dos filhos de João Cândido.
Aldir Blanc


MESTRE SALA DOS MARES
"...Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala...

"...Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais..."



AGNUS DEI
"...Dominus dominium juros além
Todos esses anos agnus sei que sou também
Mas ovelha negra me desgarrei
O meu pastor não sabe que eu sei
Da arma oculta na sua mão
Meu profano amor eu prefiro assim
á nudez sem véus diante da Santa-Inquisição..."



BENZETACIL
"... Mas na verdade tenho que dizer
Tem uma dor tão vil
Que dói só de pensar
Você não sabe amigo o que é levar
Um Benzetacil naquele lugar
Ai, ai, ai..."



O BEBADO E A EQUILIBRISTA
"... Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A espe...rança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se ma...chu...car
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
tem que continuar"



DE FRENTE PRO CRIME
Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...



DESENHO DE GIZ
Quem quer viver um amor
Mas não quer suas marcas, qualquer cicatriz
A ilusão do amor
Não é risco na areia, é desenho de giz
Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer desejar, decidir
Aí diz o meu coração
Que prazer tem bater se ela não vai ouvir...



ENQUANTO ESPERO
"... Há muito tempo amor
Que eu te sufoco em pensamento
Mas quando a noite cai, traz tua imagem
Como um vento
Faz tanto frio aqui, só eu dentro de mim
A procurar por nós e apenas uma voz
Responde estão agora o vazio
E a saudade a sós..."



LATIN LOVER
"Nos dissemos
que o começo é sempre,
sempre inesquecível,
e, no entanto, meu amor, que coisa incrível,
esqueci nosso começo inesquecível"
 
SINCERIDADE
"... teu rio a beira do meu cais.
O amor é cego quando vê
Que é o coração quem sabe escolher
Haja razão prá entender esse simples querer..."



QUANDO O AMOR ACONTECE
"Coração, sem perdão,
Diga fale por mim
Quem roubou toda a minha alegria...'
"O amor quando acontece
a gente esquece que sofreu um dia..."
Quem mandou chegar tão perto
se era certo outro engano
coração cigano..."


JADE
"...Ah! meu irmão aqualouca tara que tem ímã
Mergulha no ar me arrasta me atrai
Pro fundo do oceano que dá
Prá lá de babá prá cá de ali
Pedra que lasca seu brilho
E que queima no lábio um quilate de mel
E que deixa na boca melante
Um gosto de língua no céu..."


TRANSVERSAL DO TEMPO
"As coisas que eu sei de mim

São pivetes da cidade
Pedem, insistem e eu
Me sinto pouco à vontade
Fechada dentro de um táxi
Numa transversal do tempo..."



TEXTO FALADO NUM SHOW ANTES DA MÚSICA BALA COM BALA
"Se disparada pelo amor/ palavra bala/

Na boca do ditador/ toda palavra cala/

Quando não se quer ouvir/ palavra mala/

Quando não se faz sentir/ pobre palavra rala".

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